ANEXO SOBRE A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
- wanderleyramos27
- 5 de dez. de 2022
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Após o reconhecimento por parte de Portugal, não demorou muito para que as outras nações reconhecessem a nossa independência. A Inglaterra o fez oficialmente no mesmo ano (1825), tratando em seguida de garantir a manutenção das vantagens concedidas aos comerciantes ingleses desde o estabelecimento de Dom João no Rio de Janeiro.
Em 1827, foi assinado o Tratado de Aliança, Comércio e Amizade, renovando na prática os Tratados de 1810. O governo inglês obtinha uma série de vantagens, mas a maior de todas estava nas taxas alfandegárias _ "as mercadorias inglesas continuariam a pagar direitos de importação de 15%." Por outro lado, o Brasil não recebeu compensações, visto que os artigos brasileiros ficaram excluídos do mercado interno da Inglaterra, por serem similares aos produzidos nas colônias inglesas. Uma das cláusulas do tratado estabelecia que o Brasil deveria extinguir o tráfico negreiro até 1830. O novo tratado não foi bem recebido pelos brasileiros e a decisão de suspender o tráfico desagradou profundamente os proprietários de escravos e de terras.
Ao contrário do idealismo do Iluminismo, e do que desejava, por exemplo, José Bonifácio de Andrada e Silva, a escravidão foi mantida, assim como os latifúndios, a produção de gêneros primários voltada para a exportação e o modelo de governo monárquico. É importante notar que José Bonifácio e Gonçalves Ledo chegaram a um acordo ao transformar o Brasil em um Império. Com a separação de Portugal, o Brasil deixou de ser parte do Reinado Português. Thomaz Antônio ofereceu a Dom João VI (6º) a possibilidade de ele renegar o status de Rei de Portugal para se tornar Imperador: "Se tornar um grande e poderoso Império, e fazer da nação brasileira uma das maiores potências do globo". Segundo ele (Thomaz Antônio), essa era a vontade dos iluministas.
Quando Dom João VI retornou a Lisboa, por ordem das Cortes, levou todo o dinheiro que podia _ calcula-se que foram Cr$ 50 milhões de Cruzados, apesar de ter deixado no Brasil a sua prataria e a enorme biblioteca, com obras raras que compõem hoje o acervo da Biblioteca Nacional. Em consequência da leva deste dinheiro para Portugal, o Banco do Brasil, fundado por Dom João ainda em 1808, veio a falir em 1829.
O processo de Independência foi perpassado por estagnação econômica, especialmente das exportações. Além disso, ao contrário da América espanhola, onde a independência se fez através de confrontos militares, a soberania política do Brasil resultou de um complexo encadeamento de negociações, envolvendo Portugal e Inglaterra. Dom Pedro I (1º) precisava obter o reconhecimento da Inglaterra e de outros países, inclusive de Portugal. Para isso, o Brasil obteve, de 1824 em diante, vários empréstimos de Londres, cada um no valor de milhões de Libras. Essa crise só se resolveria com a ascensão do café, iniciado em meados do século XIX (19) e findado em 1930, no qual o café foi o principal produto da economia brasileira. O ciclo do café sucedeu ao ciclo do Ouro, que chegara ao fim após o esgotamento das minas algumas décadas antes, e pôs fim à crise econômica gerada por essa decadência.
O café foi trazido ao Brasil em 1727 (século XVIII), mas nunca foi produzido em grande escala, sendo cultivado sobretudo para consumo doméstico. Sua produção ficava bem atrás de outros produtos. O café só ascendeu devido a um cenário interno e externo favorável que tornou seu plantio vantajoso.
A produção de café se desenvolveu rapidamente ao longo do século seguinte, de modo que na década de 1850, já era responsável por quase metade das exportações brasileiras. A região centro-sul foi escolhida para o plantio por oferecer as condições climáticas mais apropriadas e por ter solo mais adequado, conforme as necessidades do cafeeiro. A primeira grande região cultivada foi o Vale do Paraíba (entre Rio de Janeiro e São Paulo), e o trabalho nas lavouras era feito mão de obra escrava. Com a decadência dessa região, o café foi levado para o oeste paulista, onde encontrou seu segundo grande local de cultivo. Começou a ser usada aí a mão de obra livre, especialmente a dos imigrantes europeus (em sua maioria italianos) que chegavam em grande número ao país no final do século XIX e início do século XX.
O ciclo (do café) deixou marcas profundas no país, e suas consequências são perceptíveis até hoje! Foi durante esse período que o estado de São Paulo alcançou a primazia política e econômica que tem hoje. O café também deu forte impulso à industrialização, à construção de ferrovias e à urbanização.
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