LENDA URBANA: CASO DE UM FALSO VAMPIRO - PARTE 2

Patrick "jogou" a foto de Fernando no Google, aguardou o resultado da busca, a ferramenta do site encontrou o segundo perfil dele, que a família e amigos reais não tinham acesso, ele deu um clique duplo, esperou, viu uma foto dele ao lado de um novo amigo, em um bar frequentado apenas pelo grupo GLBT (um slogan do movimento estava emoldurado na parede atrás do proprietário e os fregueses estavam com traje e acessórios que heterossexuais não usam), ele virou o monitor do computador, o casal reconheceu, o cliente tirou o celular do bolso, ligou e desbloqueou a tela, digitando os números "2806" e clicando em "Ok", checou as fotos, clicou em um endereço, esperou, curvou-se, entregou-lhe, ele leu e perguntou: __ Compareceu ao encontro de solteiros em 11/06 neste bar?

__ Sim. Dia 11 faz 4 meses de relacionamento e 1 mês que moramos juntos, e vamos comemorar na pizzaria que o meio-irmão dele trabalha, aproveitando o aniversário da cunhada e a amiga em comum que o apresentou a ela, quando ele "saiu da 1ª fase", do término do primeiro relacionamento, de quase 5 anos!

__ Ele estava esperando a promoção para pedir a prima em casamento (ela fez Laqueadura de trompas após 2º filho), mas ela teve uma recaída pelo ex e disse "Não" na audiência da separação litigiosa, para o juiz homologar o divórcio, e retornou para Araras com ele para comemorarem o aniversário de 15 anos da filha, como ela tanto torceu! __ o companheiro do cliente comentou.

O telefone tocou, Patrick atendeu e uma ex cliente perguntou:__ Já está no escritório?

__ Quem fala?

__ Cristina: A sua 13ª cliente.

Ele olhou para o número atrás do cartão que o cliente achou e perguntou: __ A Cecília te procurou?

__ Sim: O meu ex enviou uma solicitação de amizade para ela e ela me procurou para tirar a dúvida.

__ Entendi. Está desconfiando do seu atual namorado?

__ Estou torcendo para ele não ser um serial killer!

Ele franziu a testa e perguntou: __ Por quê?

__ Achei uma foto suspeita dele numa comunidade que ele era membro, no Orkut, e inevitavelmente lembrei dela quando vi um cadáver com furos na jugular, como as "marcas das presas dos vampiros", das séries e filmes, que sou fã!

Ele pegou a caneta novamente e perguntou: __ Onde você está?

__ No ponto de ônibus que sempre pego para ir à estação que me leva ao serviço.

Informou o nome da rua e a referência, ele anotou e perguntou: __ Já ligou para a delegacia?

__ Já. E uma dupla escalada para fazer ronda nessa região está a apenas 35 segundos daqui: A 700 metros de distância.

__Ok, vou levar o meu novo cliente ao necrotério para ele reconhecer o corpo do amigo. Obrigada por ligar!

__ Por acaso tem algum ingresso de teatro sobrando, pra eu ter um pretexto para não sair com o Igor?

__ Claro: Minha nova secretária recebeu um convite irrecusável de uma amiga evangélica para um culto na casa dela e me ofereceu o que a vizinha comprou pra elas.

__ Ótimo! Liguei na hora certa, então!

__ Sim. Até breve!

__ Até!

Desligaram, ele olhou para o cliente novamente e comentou: __ Uma auxiliar de cozinha do hospital que a afilhada da minha ex secretária é enfermeira está num local de um assassinato, e o autor fez parecer um ataque de um vampiro!

__ Isso explica o meu pesadelo com um enterro e "um vampiro" espiando de longe e tirando a minha foto, antes de uma ameaça num jornal que assino, com um anúncio circulado de uma venda de jazigos familiares, no cemitério perto do condomínio que moramos.

29 de Junho

__ Então ele deve morar no mesmo bloco, pra saber qual jornal você assina.

__ São 17 suspeitos, já que 7 apartamentos são mulheres que dividem o valor do aluguel e o carro para irem trabalhar, no mesmo local: A fábrica de roupas que a dona da loja que frequentamos é cliente. Não consigo imaginar um motivo para 1 delas decidir tirar a vida do "Nando"!

__ Não é ele a vítima. __ seu companheiro garantiu.

__ Por que essa certeza? __ Patrick perguntou.

__ Porque eu sou médium e não queria acreditar que tenho esse dom, por causa do histórico de esquizofrenia na minha família: O meu avô está no manicômio presidiário há 19 anos por assassinar o chefe, baseado numa foto de um sósia americano da década de 40 que ele acreditava que tinha provas de sua autoria no assassinato contra o meu tataravô, vendo na Segunda Guerra Mundial o álibi perfeito para não ser o principal suspeito, já que qualquer japonês poderia ser o assassino!

__ Quais eram essas provas?

__ Um telegrama que o meu tataravô enviaria para pedir ao superior do Sargento que comandava a tropa dele, para autorizar a volta dele para casa, para ele tratar da depressão, a carta da ex noiva contando da gravidez e do casamento com o ex melhor amigo dele no mês seguinte, a foto dela no camafeu que ela lhe presenteou e a dele no compartimento do bolso da calça que esse sósia usava na data da morte, em 1.956: Nove anos antes do nascimento do patrão do meu avô. Ele faria 36 anos em 2.001 e administrava a filial da fábrica de móveis do avô, para o pai não perder dinheiro com fornecedores que cobravam mais caro as madeiras, devido aos subornos à caminhoneiros para levarem-nas no meio das outras que tinham como destino a mesma região.

__ Em qual cidade o seu avô cresceu?

__ Mauá: Região do Grande ABC. Meu pai nasceu em Ribeirão Pires, a leste e minha mãe em Ferraz de Vasconcelos, ao sul.

__ Os meus sogros também.