LENDA URBANA: EXPERIÊNCIA DE QUASE MORTE _ PARTE 1 _ 17 DE FEVEREIRO (SEXTA-FEIRA)

Quando alguém é infectado pelo vírus HIV, ela passa a ser soropositiva. Mas muitas pessoas convivem com o vírus sem desenvolver a doença e ter sinais e sintomas da Aids. No entanto, mesmo sem desenvolver a doença, quem tem o vírus, pode transmiti-lo para outras pessoas, através da relação sexual sem preservativo, mesmo o oral, receber transfusão de sangue contaminado, compartilhar material de manicure sem esterilizar antes (alicate de unha), seringa (anticoncepcional injetável, ou esteroides para aumentar a massa muscular sem o esforço e tempo necessário na academia), da mãe para o filho, durante a gravidez, o parto e a amamentação.

Porém, a pessoa que faz tratamento com antirretrovirais e tem a carga do vírus HIV indetectável em exames durante seis meses, no mínimo, não o transmite em relações sexuais. O conceito de que o vírus indetectável é igual a intransmissível (I=I), é consenso entre cientistas e instituições de referência sobre HIV de abrangência mundial, e está baseado em evidências científicas. Esse conceito foi adotado pelo governo brasileiro, conforme a Nota Informativa Nº 5, de 14 de Maio de 2019, divulgada pelo Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis), do HIV/Aids e das Hepatites Virais da Secretaria de Vigilância em Saúde (DIAHV/SVS), do Ministério da Saúde. Mas, a Nota ressalta que o uso regular de preservativos continua sendo uma estratégia fundamental para a resposta do HIV!

Fonte da minha pesquisa: pfizer.com.br

Meu protagonista, Nicolas Arthur, como centenas de pessoas, teve a falta de sorte de fazer o exame anti-HIV, antes da janela imunológica do vírus HIV, 15 dias após o Carnaval de 2019, entre os dias 1º a 05 de Março de 2019, quando voltou ao laboratório para saber se chegou o resultado, a recepcionista novata entregou-lhe o envelope lacrado com o resultado do seu homônimo, depois que ele anotou o número do RG na frente do nome no caderno, foi à UBS de seu bairro, entregou ao médico, aproveitando que estava vazia, por causa do horário (10:45 h), ele leu o resultado ("Reagente") e comentou: __ O vírus HIV (vírus da imunodeficiência humana) tem como particularidade infectar os linfócitos,0

que são chamados de CD4. Nós temos vários tipos de linfócitos, que são as células brancas de defesa do nosso organismo, e, nesse caso, o vírus do HIV infecta os linfócitos CD4. Se não aderir aos medicamentos antirretrovirais, a pessoa desenvolve a doença da Aids e as chamadas "oportunistas" que atacam o organismo, que não tem as defesas dos linfócitos!

__ Quais são os sintomas?

__ São variados, desde sintomas leves, como suor noturno, cansaço, emagrecimento sem causa, diarreia (às vezes tem vírus que acometem os pacientes com o HIV e acabam tendo diarreia), candidíase oral e vaginal de repetição (que não melhora), até quadros infecciosos graves, como pneumonia e meningite! Como o HIV infecta as células de defesas, a vigilância e resposta à presença de microrganismos pode estar prejudicada e por isso, há maior chance de desenvolver infecções repetidas vezes. Um exemplo frequente de infecção recorrente é o Herpes simples (labial ou genital) e o Herpes zoster (cobreiro). As infecções de pulmão e sistema nervoso central ocorrem com maior frequência e podem ser causadas por agentes atípicos como fungos e vírus. As dosagens dos níveis de CD4, pode contribuir para definições quanto ao tratamento.

Olhou para o resultado novamente (470 células por mm3 (milímetros cúbicos), solicitou o teste para a contagem da carga viral (R$ 319,50) e Arthur perguntou: __ Eu sou um soropositivo?

__ Sim. Vou te cadastrar no programa do governo para você receber os 3 medicamentos no endereço que vou compartilhar com você, e manter a carga viral baixa, para não infectar as suas próximas parceiras, caso o preservativo estoure.

Ele franziu a testa e perguntou: __ "Todo mundo" do bairro vai ficar sabendo deste diagnóstico?

__ Não: As funcionárias do postinho estão cientes de que não podem espalhar os diagnósticos dos meus pacientes, e da demissão por justa causa, se quebrarem essa confiança entre nós! É um direito seu não dividir com estranhos o que você vai enfrentar daqui para frente, e a psicóloga que atende pelo SUS vai te dar todo o apoio que você necessita, para não tomar a decisão errada de não aderir ao tratamento disponibilizado pelo governo, para ter uma vida longa e saudável, como todas as pessoas que não entraram em contato com o vírus!

__ Quais são esses medicamentos?

__ Tenofovir (300 mg), Lamivudina (300 mg) e Efavirenz (600 mg). Deve tomar 1 comprimido ao dia, desses 3, de 8 em 8 horas, por precaução, e ativar o alarme do celular nos horários anotados, para não esquecer. Daqui 15 dias, no máximo, sai o resultado do teste da carga viral, e você vai me mandar uma mensagem para eu te encaixar nas fichas do dia seguinte, para saber como o seu organismo está respondendo ao tratamento. Boa sorte!

__ Obrigado!

Para você, leitor (a): Desde meados de Abril de 2019, os pacientes passaram a receber uma combinação desses medicamentos em 1 só pílula, por apresentar menos efeitos colaterais e ter uma melhor resposta ao tratamento.

Dados do Ministério da Saúde mostram que, entre 2005 e 2013, o total de brasileiros com acesso ao tratamento mais que dobrou, alcançando hoje cerca 400 mil pessoas que vivem com HIV. Atualmente, o SUS oferece gratuitamente 22 medicamentos para os pacientes soropositivos. Desse total, 12 são produzidos no Brasil, segundo informações publicadas no Blog da Saúde.

A rede de assistência conta hoje com 518 Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA), 712 Serviços de Assistência Especializada (SAE) e 724 Unidades de Distribuição de Medicamentos (UDM). Além disso, gradualmente, as Unidades Básicas de Saúde e o Programa Saúde da Família estão sendo incorporados na atenção aos pacientes vivendo com HIV.