LENDA URBANA: TREZES PISTAS _ PARTE 4

Mais tarde, Karina foi ao consultório da psicóloga que atende sua amiga e ela comentou:__ "Todo mundo" se questiona como pode existir vidas passadas, se não lembramos de nada que tenha vivido. A mente não se recorda, mas o espírito sim. Desse modo, um cheiro, uma visão, ou mesmo um som, podem desencadear a liberação de memórias guardadas junto à alma. É por esse motivo que o déjà vu se mostra uma sensação muito comum. Ao dormir, o seu espírito é capaz de sair pelo mundo e se conectar a outras almas. Como eles não dormem, muitos dos sonhos que parecem "reais demais para ser apenas um sonho" são fruto dessa memória. O sono profundo relaxa o corpo, mas não a mente ou o espírito. Desse modo, seu cérebro continua agindo e sua alma pode sair pelo mundo, como visitar a cachoeira que te causou o fenômeno.

Curvou-se, pegou o álbum no porta-revistas, endireitou-se, levantou-se, foi até ela, Karina sentou-se, ela entregou-lhe, deu 3 passos para trás, sentou-se na outra poltrona, Karina abriu e folheou devagar, enquanto procurava se lembrar de algum amigo virtual que se pareça com os jovens fotografados aleatoriamente, o 5º chamou a sua atenção, por causa de uma cicatriz de cirurgia para remoção de pedras na vesícula, biliar, um órgão parecida com uma pera, localizada abaixo do lobo direito do fígado, no lado direito do abdómen, teve um flashback dele parando no sinal, levantando a viseira do capacete e olhando para ela e perguntou: __ Sabe o nome deles?

__ Está no meu pen drive. Por que este chamou a sua atenção?

__ Ele tem a mesma cicatriz do meu pai, e acabei de me lembrar dele me observando no sinal: Eu estava no ônibus que me leva à faculdade, no antepenúltimo dia de aula, semana passada.

__ Ele sonhou com você na estação para embarcar para o Rio de Janeiro e acordou quando as portas do trem chamado Trem de Prata parou na plataforma e você olhou para ele, por ouvir o seu nome: Laura. Em 18 de Fevereiro de 1991 foi a última viagem, após mais de 40 anos de circulação, e conheci o pai da minha filha!

Karina olhou para ela novamente e perguntou: __ Por que se divorciaram?

__ Ele embarcou para os Estados Unidos para assistir a seleção brasileira conquistar o tetracampeonato e não retornou para realizar o sonho de ser copiloto do patrão, após o brevê concedido pelas 150 horas de voo completadas, pilotando o monomotor até São Paulo, com supervisão do piloto, claro!

__ Quanto ele gastou para realizar esse sonho?

__ R$ 600,00 de CMA, Certificado Médico Aeronáutico, R$ 500,00 da ANAC, Agência Nacional de Aviação Civil, e R$ 17.500,00 de 35 horas de aulas práticas (Cessna 172): R$ 500,00 a hora. Total:

R$ 18.600,00. O patrão dele lhe pediu para jogar 21 para ele e ele não ultrapassou e recebeu US$ 6 mil dos

US$ 50 mil que ele faturou de 5 amigos empresários, que não tiveram essa sorte! Os outros US$ 6 mil da "casa" ele pagou com a venda de uma figurinha autografada de um jogador do New York Yankees.

Para você, leitor (a): O Santa Cruz saía da Estação Central do Brasil, no Rio de Janeiro, em direção à Estação da Luz, em São Paulo. Houve épocas em que o trem se dirigia à Estação Roosevelt (atual Estação Brás), também na capital paulista. Com isso, o serviço ferroviário de passageiros da Rede Ferroviária Federal ficou comprometido, pois o Santa Cruz era um dos trens mais utilizados, apesar dos atrasos e problemas na conservação da via férrea. O Santa Cruz era muito utilizado por agências de viagem que vendiam pacotes de viagens de trem entre o Rio de Janeiro e Corumbá, sendo que o seu cancelamento causou prejuízos econômicos. Após tentativas malsucedidas de se retomar o serviço, ocorridas em 1992, a Rede Ferroviária Federal resolveu retomar a operação dos trens em parceria com a iniciativa privada. Em 13 de Agosto de 1993, foi lançado o edital de licitação 033/SR-3/93, através da qual a iniciativa privada ficaria responsável pela organização do serviço e venda de passagens, cabendo à Rede Ferroviária Federal a locação de 25 carros Budd, além de locomotivas.

A viagem inaugural do Trem de Prata ocorreu no dia 8 de Dezembro de 1994, quando partiu da Estação Barão de Mauá (Leopoldina), no Rio de Janeiro para a Estação Barra Funda (da EFSJ), em São Paulo. Devido ao grande sucesso causado pelos altos números de reservas e de demandas de passageiros, as viagens que anteriormente ocorriam aos finais de semana, tornaram-se diárias a partir de 1995.